Viver Conscientemente – Nathaniel Branden

Há duas palavras que descrevem bem o que podemos fazer para elevar a nossa auto-estima – para
gerar mais autoconfiança e auto-respeito. São elas: VIVER CONSCIENTEMENTE. O problema com essa
expressão é que ela pode ser demasiado abstrata para algumas pessoas, não se traduzindo automaticamente
numa ação menta e/ou física. Se queremos crescer, precisamos saber O QUE FAZER. Precisamos aprender
NOVOS COMPORTAMENTOS. Devemos então perguntar: se praticarmos o viver mais conscientemente, de
que modo estaremos AGINDO DE MANEIRA DIFERENTE?

Precisaremos do resto do livro para responder por completo a essa questão; em primeiro lugar,
porém, veremos por que viver conscientemente é o fundamento da autoconfiança e do auto-respeito.
Nossa mente é o nosso meio básico de sobrevivência. TODAS AS CONQUISTAS QUE NOS
DISTINGUEM COMO SERES HUMANOS SÃO REFLEXO DA NOSSA CAPACIDADE DE PENSAR. A vida bem sucedida
depende do uso adequado da inteligência – adequado, quero dizer, às tarefas e metas que
estabelecemos para nós mesmos e aos desafios que enfrentamos. Esse é o fato biológico central da nossa
existência.

Contudo, o uso adequado da nossa consciência não é automático: antes, é UM ATO DE ESCOLHA.
Somos livres para procurar a expansão ou a contração da consciência. Podemos tentar ver mais, ou ver
menos. Podemos querer ou não querer saber. Podemos lutar pela clareza ou pela perplexidade. Podemos
viver consciente, semiconsciente (para a maior parte das finalidades básicas) ou INCONSCIENTEMENTE. Esse
é o significado básico do livre-arbítrio.

Se a nossa vida e o nosso bem-estar dependem do uso adequado da consciência, a extensão com
que valorizamos a visão em vez da cegueira é o determinante isolado mais importante da nossa
autoconfiança e do nosso auto-respeito. Dificilmente poderemos nos sentir competentes na vida enquanto
andarmos em círculos (no trabalho, no casamento ou com os filhos), num nevoeiro mental auto-induzido. Se
trairmos nossos meios básicos de sobrevivência, tentando existir sem pensar, nosso senso de valor sofrerá na
mesma medida, independente da aprovação de outras pessoas ou de nossa própria desaprovação. NÓS
sabemos de nossas próprias falhas, saibam ou não os outros. AUTO-ESTIMA É A REPUTAÇÃO QUE
ADQUIRIMOS CONOSCO MESMOS.

Mil vezes por dia temos de escolher o nível de consciência no qual vamos funcionar. Mil vezes por dia
temos de escolher entre pensar e não pensar. Gradualmente, com o passar do tempo, estabelecemos um
conceito do tipo de pessoa que somos, dependendo das escolhas que fazemos, da racionalidade e da
integridade que demonstramos. Essa é a reputação da qual falo.
Quanto mais inteligentes somos, maior o nosso potencial de conscientização, mas o princípio de viver
conscientemente continua o mesmo, independente do nível de inteligência. Viver conscientemente significa
estar cônscio de tudo o que afeta os nossos atos, propósitos, valores e metas, e comportar-se de acordo com
o que vemos e sabemos.

Em qualquer situação, viver conscientemente significa gerar um estado mental adequado à tarefa que
devemos executar. Dirigir um carro, fazer amor, escrever uma lista de supermercado, estudar um balanço,
meditar – tudo isso requer estados mentais diferentes, tipos diversos de processos mentais. EM QUESTÕES
DE FUNCIONAMENTO MENTAL, O CONTEXTO DETERMINA A ADEQUAÇÃO. Viver conscientemente significa
assumir a responsabilidade pela percepção consciente adequada à ação na qual estamos engajados. Isso,
acima de tudo, é o fundamento da autoconfiança e do auto-respeito.

A auto-estima, assim, não é função daquilo com o que nascemos, mas de COMO USAMOS NOSSA
CONSCIÊNCIA – as escolhas que fazemos no que concerne à tomada de consciência, à honestidade de nosso
relacionamento com a realidade, no nível da nossa integridade pessoal. Uma pessoa de alto nível de
inteligência e de auto-estima não se sente MAIS adequada à vida, ou MAIS merecedora de felicidade, do que
uma pessoa de auto-estima e de inteligência modestas.
Viver conscientemente implica respeitar os fatos da realidade – os fatos do nosso mundo interior,
bem como os do mundo exterior – em contraposição a uma atitude que se resume em: “Se eu não optei por
ver e reconhecer isso, isso não existe”. Viver conscientemente é viver DE MANEIRA RESPONSÁVEL EM
RELAÇÃO À REALIDADE.

Isso não significa que temos de gostar do que vemos, mas que reconhecemos o que é e o que não é,
e que desejos, temores ou negações não alteram os fatos.

Trecho do Livro “Os seis pilares da autoestima” de Nathaniel Branden

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